Tradição

120 anos de história

União Gaúcha soma histórias importantes ao longo da trajetória, e hoje deseja ser cada vez mais reconhecida pela comunidade

No dia em que os gaúchos celebram a Revolução Farroupilha, a entidade tradicionalista União Gaúcha João Simões Lopes Neto tem algo a mais para comemorar: os seus 120 anos de história. A entidade pelotense é a mais antiga em funcionamento do Rio Grande do Sul e acumula diversos acontecimentos e curiosidades.

Atualmente, a União Gaúcha conta com mais de 700 sócios que movimentam diariamente a casa, seja pelos ensaios das invernadas, pelos eventos, seja pelo gosto de cultivar a vida campeira. Quem faz parte dessa história é Romualdo Cunha, atual patrão do local. A trajetória dele começou a ser escrita na instituição quando tinha apenas oito anos de idade. "Comecei a frequentar por causa de uns primos e fui direto para o departamento artístico", conta.

A entidade é dividida em três departamentos: artístico, cultural e campeiro. O primeiro reúne as invernadas, que hoje são quatro, divididas em mirim, juvenil, adulta e xiru. Essas levam o rosto da União Gaúcha para fora do Estado e do Brasil. "O grupo adulto vai participar de um festival na Costa Rica em dezembro", conta, orgulhoso. No departamento cultural se encontram gaúchos e prendas que declamam, cantam e tocam. No campeiro, estão os que vivenciam diariamente a entidade, pois possuem algumas das 70 cocheiras que o espaço oferece.

De acordo com Cunha, o principal desafio da sua gestão é ganhar a confiança de cada sócio e, junto com cada um deles, conseguir aproximar os departamentos, principalmente o campeiro do restante. "Não queremos distanciar, mas sim agregar", completa. Para os 120 anos, a atual patronagem luta para resgatar sócios antigos e divulgar os principais eventos da casa, como os almoços e os rodeios.

Outra peça importante nessa história é a professora aposentada Marlene Lopes. Ela começou a fazer parte da União Gaúcha em 1989, quando sua filha integrou uma das invernadas. De lá pra cá participa ativamente do dia a dia do local, e foi na entidade que a filha conheceu o marido. Hoje, Marlene já pode assistir à neta de oito anos dançando em uma invernada. "É uma forma de unir a família", destaca.

Além de integrar a atual patronagem, a aposentada coordena a invernada adulta há 23 anos. E de acordo com pesquisas feitas pelos movimentos tradicionalistas, é a coordenadora mais antiga do Rio Grande do Sul. Isso faz com que Marlene conviva com os diversos jovens que fazem parte da entidade e, segundo ela, esse é o segredo para não envelhecer. "Estar entre eles é a vitamina da vida", brinca.

Dentre os diversos patrões que já estiveram à frente da União Gaúcha, está Renato Silveira. O aposentado de 75 anos ocupou o cargo de 1997 e 1998, mas começou a se envolver diretamente com a instituição em 1976, quando um dos filhos começou a dançar. Ele conta que entre os feitos da sua gestão está a reformulação das cocheiras e a construção de um poço artesiano, que hoje já foi aumentado, mas segue sendo utilizado para abastecer a entidade. Silveira destaca a importância da data histórica e relembra que, devido à instituição ser a mais antiga do Estado, é modelo ao movimento tradicionalista. "Foram anos muito bons, com muita gente boa do meu lado". 

A história
Tudo começou em 1899, quando 82 pelotenses amantes do culto às tradições se reuniram para aprovar estatutos e inaugurar a primeira entidade tradicionalista do Rio Grande do Sul. Os objetivos, que seguem sendo os mesmos até hoje, são: relembrar, honrar e conservar as tradições e o patrimônio moral, histórico e cultural sul-rio-grandense, cultivando o espírito tradicional da honradez, da dignidade, da lealdade, do cavalheirismo, do patriotismo e da hospitalidade do gaúcho, lembrando através dos seus costumes e usanças.

Em 1920, devido a medidas da Segunda Guerra Mundial, o local fechou as portas e foi reaberto somente em 1950, reafirmando os princípios de defesa da cultura gaúcha. A entidade teve como líder o escritor pelotense João Simões Lopes Neto, e após o retorno das atividades foi batizada como União Gaúcha João Simões Lopes Neto. O pelotense foi o quarto patrão, empossado em 20 de setembro de 1905.

De lá pra cá, a instituição viveu altos e baixos, mas foi em 2010 um dos piores momentos. Na madrugada do dia 17 de junho, a secretaria, parte do salão social e um pequeno depósito nos fundos do prédio pegaram fogo. Além do prejuízo financeiro, a entidade teve danos irreparáveis, como livros de atas e fichário dos sócios, incluindo nomes ilustres, como o de Barbosa Lessa e o de Paixão Côrtes. Troféus das invernadas, cortinas, uma gaita (acordeom), entre outros objetos que lembravam episódios importantes da vida da entidade foram destruídos.

Para comemorar no Shopping
Para celebrar a importante data, a União Gaúcha, em parceria com o Shopping Pelotas, montou um espaço para mostrar à comunidade parte do acervo da entidade. Lá, está funcionando uma loja e dois museus, os quais valorizam a história do tradicionalismo. Um deles é destinado a contar a história da União desde a sua fundação, e o outro fala das conquistas da instituição.

O atual patrão destaca que a parceria é um momento muito significativo para a data. "Para nós foi muito importante o Shopping abrir as portas para mostrar o nosso trabalho". Através do espaço, a população poderá se aproximar da entidade e entender um pouco mais sobre as tradições gaúchas. Para quem tiver o interesse de prestigiar, a loja estará aberta todos os dias a partir das 14h até o fechamento do Shopping.

O desfile
Em Pelotas, o desfile tradicionalista ocorre nesta sexta-feira, às 10h. A concentração ocorre na rua Gonçalves Chaves, que estará fechada a partir da rua Rafael Pinto Bandeira com brete para os cavalos. Os cavalarianos deverão entrar pela rua da Igreja da Luz e pela Rafael Pinto Bandeira, onde estará instalada a barreira para a vistoria dos animais, que será feita pela Equipe da Inspeção Veterinária.

Já a avenida Bento Gonçalves terá o trânsito interrompido entre as ruas Almirante Barroso e Santos Dumont para a realização do desfile.

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